Saudades Faapianas

Fiz faculdade de publicidade. Festa estranha com gente esquisita, ainda mais para quem tinha acabado de sair do Dante Alighieri.
Primeira aula da faculdade: semiótica. Um lápis não é um lápis. Ai.
Segunda aula: análise da imagem. Trabalho final: qualquer coisa. Ui.
E por aí vai.
Mas acontece que me diverti horrores. Tinha até um amigo punk, que num surto de anarquia chic, estudava na FAAP e fazia parte da nossa patotinha. A Vanessa, minha irmã caçula, costumava perguntar do amigo que tinha alfinetes pelo corpo.
Outro dia peguei nosso primeiro vídeo da faculdade, justamente o do trabalho final sobre qualquer coisa. E qualquer coisa, quando você tem 19 anos, é sexo.
O vídeo traça um paralelo entre sexo e comida. Mal e porcamente, já que não sabíamos incluir letras no vídeo e escrevemos "couvert", "prato principal" e "sobremesa" numa cartolina, que entremeava a edição de trechos de filmes. Tosco. Mas tiramos 9,0.

Que saudades da época em que, uma vez por ano, meu avô me perguntava "o que é mesmo que você faz?". E eu, pensando em responder francamente que entre uma aula de sociologia e outra de teoria da comunicação, ria muito, descobria que alguns amigos eram amigas e ia comer pastel na feira do Pacaembú, afinal, pegava carona com um cara que curtia um baseado às 6h da manhã e portanto já tinha fome às 10h, pensava melhor e respondia: "Ah! publicidade vô, é tipo, convencer alguém a comprar algo que não necessariamente se precise". Precisava ir com calma, afinal, sou a neta mais velha e ele demorou a superar o fato de eu não ter feito odonto.

Não segui a carreira, mas com certeza abri a cabeça. Saudades faapianas.