Hoje, podemos classificar uma pessoa num piscar de olhos. Ou num abrir de página.
Ângela Rosa Coutinho. 26 anos. Solteira. Heterossexual. Mora com os pais. Adora animais de estimação. Fresca sim, e daí. Salto alto. Usa blush. Tem TPM. Ama Garopaba. Fonoaudiólogos com orgulho. E pronto. É isso.
Antes, levávamos meses, anos, para conhecer realmente uma pessoa. E era justamente essa a parte divertida. Hoje, não há nem curiosidade.
Sábado. 22h. Barzinho na Padre Chagas. A noite promete. Um amigo comenta com o outro: “Cara, olha que mulher!”. “Ih, essa eu conheço: linda, mas ronca e não fica por ficar”.
Quem nunca mentiu para apimentar uma relação? Ou para fazer aquele homem dos seus sonhos acreditar que você também é a mulher dos sonhos dele? “Acampar? Amo de paixão! Adoro essas aventuras”. Odeio. Cedo ou tarde ele descobre, mas agora, pouco importa.
Fico imaginando como será em 2025. Será que já nasceremos com chips (não me perguntem como... mas talvez com um esperma ultrassônico) que nos permitirá scannear outra pessoa, para que uma tela implantada em nosso dedo polegar possa indicar, além do perfil do “estranho”, um percentual de compatibilidade?
Talvez, mas só sei de uma coisa: o homem da minha vida adora filmes de ficção. Eu só gosto de drama. Tenho mania de arrumação e ele só se encontra na bagunça. Ele adora comida picante, já eu, tenho paladar para os doces. E sim, ele é o homem da minha vida.
Acho que isso já diz muita coisa, não?
Nurit Masijah Gil
2 comentários:
Fooooofa!!
Ótimo texto! Me lembra das nossas épocas da Faap, em q a gente escrevia juntas...
Ah! E eu odeio Orkut!
Hahaha... Era muito divertido: "não obstante..."
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