Eu já comi tanta coisa ruim. Tanta coisa que me deu vontade de sair correndo e... bom, deu pra entender.
Na culinária judaica, existe um prato chamado Tcholent. É um caldeirão de carne, legumes, feijão e outros ingredientes, cozidos por 12 horas e que pode ser acompanhado por deliciosos pescoços de galinha recheados. É muito bom. E muito complexo. Tem que saber fazer.
Eis que um dia, muitos anos atrás, a mãe do meu ex namorado convida a Vanessa, minha irmã menor, para jantar na casa dela. Muito envergonhada, ela aceita e já sai de casa bocejando - é o que ela faz quando fica nervosa. Chegando lá, para seu desespero, o prato é tcholent, o que a cabeça dela de 11 anos descreveria como uma 'maçaroca nojenta'.
Bom, pratos na mesa, hora de comer. A Va coloca a primeira garfada na boca e começa com aquela ânsia contida. Ninguém percebeu, só eu. Segunda garfada e a ânsia aumenta, juntamente ao auto-controle. O meu auto-controle, estava servindo para evitar uma gargalhada.
Na décima garfada, a pobrezinha, educada demais para recusar o prato (é, a adolescência ainda não tinha chegado), já estava com lágrimas nos olhos. Que dó. Falei discretamente para ela parar de comer e assim, evitar um vexame.
E até hoje quando como qualquer comida ruim, lembro da Va, com sua ânsia meigamente contida, dou risada e engulo.
segunda-feira, março 19, 2007
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