sábado, junho 15, 2013

O Canela com Pimenta agora é Nuriting. Vai lá: www.nuriting.blogspot.com

sexta-feira, março 29, 2013

Recém

Já escrevi sobre este assunto aqui, mas estes dias ele acabou voltando à tona e me deu vontade de retornar ao mesmo ponto: o "recém".
Começar a namorar, encarar um novo desafio profissional ou estrear um perfume novo. Não faltam inícios deliciosos. Mas não são a estes que me refiro.
Recém-casada. Todo mundo comentando como este início é delicioso, cheio de paixão, plenitude e alegria e você lá, pensando que raios está fazendo com um homem vinteequatro horas ao seu lado, num apartamento que, apesar de arrumadinho, não é seu lar de jeito nenhum.
Porque convenhamos, é uma delícia não ter que dar beijo de tchau ao final do domingo ou planejar todo fim de semana onde vocês passarão a noite. Mas segunda-feira costumava ser um dia perfeito para chegar do trabalho, vestir as pantufas e jantar no quarto assistindo a um seriado da Sony. Ou então usar o computador até quando você bem entendesse ou qualquer coisa que desse na telha sem ter que preocupar-se com ninguém mais. Mas agora você tem. E além de dividir seu tempo de dolce far niente, vocês dividem assuntos romanticíssimos como "quem vai pagar a conta de luz", "quem vai na reunião de condomínio" ou "pede pra faxineira passar melhor a minha camisa".
E daí? Daí você sobrevive ao primeiro ano e entra no segundo. Agora sim, cheio paixão, plenitude, alegria e realidade.
Como seria bom se todas as expectativas e promessas fossem dosadas com conselhos verdadeiros. Aposto que até a Cinderela sentiu-se assim (com exceção do episódio da conta de luz, é claro).
E então, quando tudo está nos eixos, vocês resolvem que é hora de aumentar a família.
E vem a gravidez, o parto, conhecer seu bebê... momentos plenos. Até você chegar em casa onde não tem nenhum botão para chamar enfermeira alguma.
É claro que existem mães com síndrome de Mary Poppins, que realizam-se acordando de duas em duas horas durante a madrugada. Eu quase enlouqueci. Eu e uma série de mães cheias de culpa por não estarem saltitando quando suas vidas viraram de cabeça para baixo, quando tomar um banho ininterrupto ou conseguir tirar o pijama antes das três da tarde tornam-se os pontos fortes do seu dia. Claro que você ama aquele mini serzinho, mas este amor ficará absurdamente intenso, incondicional e espetacular após alguns meses. Mães sem síndrome de Mary Poppins estipulam três meses.
E nossa culpa por não estarmos plenas nos momentos "recém" só aumenta com a enxurrada de comentários derivados do "aproveite, esta é a melhor fase da sua vida".
Melhor fase é quando a gente acostuma-se com o novo. E com os novos que realmente importam nessa vida.
Mas acredite, quando você se acostumar, nada - NADA - te fará mais feliz.

(para você, você sabe quem)

sexta-feira, março 15, 2013

Num café-escritório qualquer

Faz oito anos que abri mão de trabalhar trancada em uma sala. Uma série de motivos me levaram a tomar essa decisão e, apesar da segurança do dinheiro na conta todo dia cinco, minha qualidade de vida mudou completamente.
Não sei por que raios, janelas amplas e arejadas nunca foram pontos fortes das empresas por onde passei e, talvez por isso, valorize tanto passar o dia ao ar livre. Além de ver o dia de cabo a rabo, de sentir o sol, o vento e - fazer o que - a chuva, adoro meus cafés-escritório, lugares que escolhi para trabalhar, pagando o aluguel em espressos e pães de queijo.
E de tudo, o que mais me fascina, é ter colegas de trabalho novos todos os dias. Gente que senta ao lado para trabalhar, conversar, almoçar ou discutir a relação. Não nego: às vezes finjo estar concentrada numa planilha, somente para lançar minha atenção ao lado. Já escutei senhoras falando de sexo, fazendeiros sobre cifras, noivas planejando casamentos nada modestos e até uma pastora reclamando do pai castrador (na realidade, este último passa-se no exato instante em que escrevo este post).
Talvez seja indiscrição, mas as pessoas falam alto mesmo, às vezes embaladas por jarras de clericot às três da tarde. Mas sabe o que? Ver a diversidade me inspira. Não que eu não julgue, sou humana. E mulher. Mas às vezes, em horário comercial, ficamos tão centrados no nosso mundinho, falando somente sobre os mesmos assuntos e conversando com as mesmas pessoas, que um sopro de vidadooutro deixa o dia mais leve.
Então, antes de voltar aos e-mails, vou escutar como termina a história da pastora e pedir mais um espresso. Ou quem sabe, um clericot.

quinta-feira, março 14, 2013

Voltei. Por meio período

Determinada a voltar a escrever, fiquei pensando se o 'Canela com Pimenta' ainda teria a ver comigo, tantos anos depois.
Lembrando o motivo da escolha do nome, decidi que sim, continua fazendo sentido. A idéia era fazer uma analogia entre o antagonismo de sabores e as mudanças de humor, vontades e idéias tão típicas nossas. Ou ao menos, minhas.
E eis que estou sentada no bom e velho café-escritório, após uma pausa de dois anos para me dedicar a uma tarefa intensissíma: a de ser mãe em tempo integral. Sim, eu curti. Me realizei, me doei e tive a felicidade plena de acompanhar cada segundinho das grandes descobertas dos meus pequenos. Mas eis que meu caçula estava prestes a entrar na escola e sobrou eu, extremamente saudosa dos meus outros papéis.
Deixo eles em suas classes e por vezes saio saltitante: TENHO MEIO PERÍODO! Por outras, saio vazia, assim como o carrinho de bebê. Canela e Pimenta. Felicidade e culpa. Êxtase e cansaço. Intensidade e futilidade.
Enfim, estou de volta.

domingo, janeiro 22, 2012

1 + 1 = 11

Sabe aquele papo de "é só por mais água no feijão"? Pois é, pura mentira, além de aguar a comida.
Ter dois filhos é uma loucura total. A Taly com dois anos e o Beny com cinco meses criam demandas completamente diferentes aqui em casa.
Uma come, o outro mama. Uma toma banho num horário, o outro noutro. Uma quer brincar de boneca, o outro de chocalho. Uma quer ficar em casa, o outro dormir andando de carrinho. Uma chora, o outro chora. Um dorme, o outro acorda. Ainda não estão numa idade em que possam brincar juntos e me dar alguns momentinhos de paz e tranquilidade.
Fora que um a gente delega, dois a gente divide (e nunca descansa).
A esta conclusão cheguei ontem, quando fazia supermercado com os dois. Beny na cadeirinha do carrinho e Taly no meu colo (com vergonha do 'moço'), eu cantando a recém-inventada "dança do suco" enquanto tentava escolher o sabor do dito cujo na gôndola e checar sua validade.
Minha vida está um caos. Como a família toda mora longe e não tenho o desprendimento (ou capacidade) de ter uma babá e deixar que um estranho tome conta dos meus filhos sem criar uma colônia de minhocas na minha cabeça, preciso montar uma logística de guerra até para atividades simples como fazer depilação.
E a maior loucura disso tudo é que, apesar de estar exausta, sonhando com uma noite inteira de sono, me pego desejando que o tempo pare.
Meus pequenos dão trabalho de onze, mas prazer de cem.

sábado, dezembro 17, 2011

Um dia qualquer

1:44h. Beny chora, mas ainda não é hora de mamar. Vou ao seu quarto, chupeta, carinho. Dormiu.
3:40. Beny chora de novo. Ok, troco a fralda tonta de sono, sento na poltrona e ele começa a mamar. Durmo. Ele também. Acordo às 4:30h e o coloco no berço. Volto para a minha cama.
6:30h. Beny chora. Troco a fralda tonta de sono, sento na poltrona e ele começa a mamar. 7:00h e ainda tenho um bom tempo antes da Taly acordar. Para otimizar, deito com o Beny ao meu lado na cama e ele dorme mais rápido. Com sorte, dormirá até às 9:30h, quando a Taly costuma acordar. Sem sorte, ele acorda às 8:00h.
Ainda tonta de sono, dou remédio, troco a fralda, mudo a roupinha. Será que ele não quer dormir mais um pouco? Não.
9:30h. Taly acorda. Preparo a mamadeira. "Mãe, conta a história das princesas que soltam pum". Conto. Insisto 30 minutos para trocar a fralda e tirar o pijama. Venço pelo cansaço.
10:30h. Troco a fralda do Beny. Beny mama. Beny chora. Taly chora que está com saudades de mim. Vamos de carro para o parquinho. Check list com os cinquenta e sete itens que preciso levar. Beny chora. Dou colo. Beny dorme. Brinco de pega-pega com a Taly. Voltamos. Hora do almoço. Beny acorda. Taly não quer almoçar. Almoço com uma mão, enquanto com a outra dou comida para a Taly e empurro o carrinho do Beny com o pé.
13:30. Troco a fralda do Beny. Beny mama. Beny chora. Taly chora que quer ver 'Lice' (para ela é 'A Lice no País das Maravilhas'). Escovo seus dentes. Ligo a TV. Dou mamadeira para a Taly. Beny chora. Beny chora. Beny dorme. Taly quer que eu assista Lice com ela. Assisto Lice. Saio no meio e checo e-mails. Brinco com a Taly no 'cantinho das artes'. Recortamos, colamos e desenhamos. Checo Facebook. Beny chora. Beny dorme. Beny acorda. Vamos brincar na rua. Taly não quer. Mudou de idéia, agora quer. Agora só quer se ficar no meu colo. Canto uma música. Beny sorri. Taly chora. Agora Taly sorri. Beny chora.
16:30h. Troco a fralda do Beny. Beny mama. Beny chora. Beny dorme.
17:30h. Banho na Taly. Ela não quer entrar. Fica de castigo. "Desculpa mamãe". Entra na banheira. Dou banho. Taly não quer sair. Resolve sair. Troco, dou remédios. Hora da janta da Taly. Não quer jantar. Beny acorda e o coloco para assistir "Baby Einstein". Taly não quer mais jantar pois quer assistir "Baby Einstein". Taly assiste "Baby Einstein" e cansa cinco minutos depois.
19:00h. Dou de mamar para o Beny e depois banho. Taly assiste Peixonautas. Beny chora. Beny chora. Beny chora. Beny dorme. Dou mamadeira para Taly. Escovo seus dentes. Hora da história. Conto. "Só mais uma vez mamãe". OK. Boa noite. Beny chora. Vou ao seu quarto, chupeta, carinho. Dormiu.
Preparo a janta. Marido chega. Conversamos, delícia. Banho. Me olho no espelho e penso "Oi Nurit, que saudades!".
22:30h. Dou de mamar para o Beny.
Hora de procurar um programa bacana para assistir na TV. Escolho e dois minutos depois estou dormindo.
Boa noite.

Taly: 2 anos e meio












Beny: 3 meses

E-mail ano novo 2011/2012

Mais um ano que acaba e novamente um e-mail de final de ano onde tento buscar o que de mais significativo aconteceu para compartilhar com vocês. Apesar de já ser uma tradição, escrevo por gostar de me aproximar de tanta gente que vejo pouco (ou até nunca) porque a loucura da vida afasta, porque trezentos e sessenta e cinco dias é pouco tempo para dar conta de tantas vontades ou até, sem ter porquê.
Li nos últimos tempos uma matéria que nos instigava a imaginar que imagem mereceria nosso último olhar. Troquei ‘imagem’ por ‘momento’ e estive pensando que se tivesse que escolher, dentre toda a vida, que momento no mundo mereceria meu último pensamento, em 2011 eu teria a resposta na ponta da língua: dar à luz.
Este ano começou especial: enquanto minha pequena começara a dar os primeiros passos, entre deliciosas descobertas com seu jeitinho doce, mas decidido, já esperávamos mais um serzinho que encheria nossa vida de amor.
E passando os dias, a sensação de ter um segundo filho já se anunciava: uma emoção indescritível, mas com a alma mais tranqüila, com menos ansiedade diante de um mundo que já não era desconhecido.
Quando meu príncipe chegou, meu mundo se encheu. Seus olhinhos brilhantes e seu jeito alegre e cheio de personalidade me encantaram como da primeira vez, quando minha pequena nasceu.
Dar a luz trouxe luz à minha vida e a tornou absolutamente completa, cheia de sentido, como se a busca pelo desconhecido tivesse cessado. “Pronto, encontrei o que eu precisava para ser feliz”. Nada pode ser tão mágico quanto conhecer e sentir pela primeira vez aqueles que te ensinarão o verdadeiro sentido do amor incondicional.
Este ano eu fui mãe, mãe, mãe. Dormi pouco, sorri muito, gargalhei, me emocionei. Chorei trancada no banheiro, procurei no Google o telefone da ‘supernanny’ (não encontrei). Babei por cada vitrine infantil e ignorei todas as adultas.
Como toda mãe, achei meus filhos fantásticos, inteligentérrimos, maravilhosos. Como toda mãe, acabei os dias exausta, implorando por algumas horas num SPA do outro lado do mundo.
Ser mãe definitivamente me tornou uma mulher abençoada, exausta e feliz.
Também neste ano, me senti privilegiada por poder acompanhar cada momento da vida dos meus pequenos e me responsabilizar por cada detalhe da educação e da rotina deles. Obrigada Be, meu amor, por dar este presente à nossa família. Te admiro cada dia mais pelo homem e pai maravilhoso que você é.
2011 foi o ano em que dei à luz pela segunda vez e nunca me senti tão iluminada, agradecendo por estes dois momentos maravilhosos que a vida me deu a oportunidade de viver.
E que 2012 seja um ano em que possamos curtir o que mais importa na vida: nossos amores.
Feliz ano novo, com muita luz!

Atualizando: e-mail final de ano 2010/2011

Ufa! Acabou. E cá estou eu novamente compartilhando este ano com vocês.
E que ano! Este reveillon passarei de branco. Paz, please!

Talvez meu principal aprendizado tenha sido jogar fora todas as planilhas e deletar o excel da minha lista de favoritos. A partir de agora, planejamento é dançar conforme a música.

Este ano meu coração apertou tantas vezes.
A começar pela adaptação da pequena na escolinha. Não, ela não ficou mal... ficou ó-t-i-m-a. Sem e apesar de mim. E lá estava eu, todos os dias às 16:58h na porta, esperando os longos dois minutos que faltavam para eu apertá-la e receber o maior e mais delicioso sorriso do mundo.
Mas dois meses depois, passei na UTI os piores dias da minha vida. Internar um filho é a dor mais forte que eu poderia imaginar existir. E nós, pais, vestimos uma armadura para sorrir, acalentar e tentar mostrar que está tudo bem, quando na verdade nosso coração está em frangalhos, vendo o serzinho que mais amamos ser cuidado de uma forma tão diferente da que cuidaríamos. Em hospital há pressa, há técnica, mas não há amor.
Passado o susto, com a pequena em casa, amada, beijada e ganhando montes de apertos e amassos era hora do plano B, já que escola de novo, só com dois anos.
Só que o plano B, era babá, coisa que eu sempre fui ultra-hiper-mega contra. Mas como já venho mordendo a língua inúmeras vezes desde que me tornei mãe, assinei a carteira e treinei uma dita cuja que o tempo mostou ser a pessoa mais pirada e mal-intencionada que já cruzou minha vida. E olha que em 2010, fiz 30 anos. E 360 meses já não é pouca história.

Pulando o capítulo delegacia, boletins de ocorrência, advogados e susto, muito susto, eis que mordi minha língua novamente.
Sempre adorei criticar mulheres que paravam de trabalhar para serem mães em tempo integral. Que bela vida de dolce far niente, não? Não!
Filho precisa de mãe. E a minha estava precisando demais. Um pinguinho que recém apagava uma velinha e passou por tanta coisa este ano.
Pára tudo que eu vou descer.
Trabalho a gente recupera. Vida profissional a gente retoma. Infância dos nossos filhos não. É agora. E passa muito rápido.
Tinha medo da nova decisão, mas estou feliz. E a Taly também. Em 2011 serei uma Nurit nova, que jogou fora esta história de ter que assumir mil papéis. Porque mil papéis a gente finge que assume e está sempre com a consciência pesada, sabendo que faltou um tanto aqui e outro tanto lá. Agora minha prioridade é cuidar do meu lar e dos meus amores.

Claro que em 365 dias acontece muita coisa, mas não é tudo que nos marca. E neste ano, compartilho com vocês o que me marcou e me mudou.
Como diz minha mãe, parceira especial e fundamental mais uma vez, neste ano loucura total, “na vida dá tempo pra tudo”. E meu tudo agora é minha família.

Mais uma vez, agradeço a você meu grande amor, meu companheiro de vida, de sorrisos, lágrimas e de projetos. Be, te amo!

E assim, desejo que em 2011 possamos nos dedicar com amor a algum projeto especial. Eu escolhi o meu.

Feliz ano novo.

sexta-feira, agosto 06, 2010

Portoalegrense

Passaram-se muitos anos - sete para ser mais exata - para que eu pudesse escrever este post com sinceridade.

Eu não sinto mais nenhuma falta de São Paulo. E ponto.

Minha mãe amadíssima mora lá, toda a família querida, os sobrinhos fofos... Mas apesar de adorar família, a distância até Porto Alegre é curta e viável.
São Paulo tem restaurantes super bacanas, uma Hebraica fantástica (pois a daqui mal dá para chamar de clube), tem o Jardins, tem oportunidades mil.
Mas lá já não é meu lugar.
Tem trânsito, tem poluição, tem ostentação e competição demais. Tem muita opinião - coisa que já não estou acostumada e eu volto cansada. E saudosa.

Porto Alegre é arborizada, tem ar quase puro, tem cafés com mesinhas na calçada. E em casa tem muito verde e a oportunidade de dar uma infância incrível à filhota.
Eu escrevo olhando pássaros e as recém plantadas árvores do terreno: Jabuticabeira, pé de fruta do conde, pé de lichia, limoeiro, cerejeira...

Não que eu adore certos bairrismos, um 'parabéns a você' regional e outras gauchices, mas hoje,
enquanto São Paulo é lugar de passeio, POA é cidade pra chamar de lar.

Julho é mês de férias?

E daí eu cheguei, achando que o episódio da mala fosse o que de mais agitado pudesse acontecer. Mas eis que uma desdentada maluca se apaixonou pelo meu marido, gerando além de pesadelos nojentos, a necessidade urgente de procurar uma substituta para seu posto - o de babá da pequena.
E então, passados mais alguns dias, a fossa da casa cedeu, deixando uma piscina de esgoto exposta no jardim.
Julho foi assim, tranquilésimo.

Enchi a casa de sal grosso, arrudas e cravos e trintei no dia 24. Desde então, foi oficialmente finalizado o inferno astral e tudo voltou à normalidade.

So, I am back!

segunda-feira, junho 28, 2010

Nurit Bond

Após uma longa temporada em São Paulo, lá fui eu reempacotar a casa. Sim, viajar com criança requer praticamente uma transportadora, mas enquanto a Granero inviabilizar a viagem, eu mesma faço o trabalho. Dois volumes explodindo e uma atendente de check-in queridíssima (que não cobrou excesso de bagagem) depois, entro no avião, rumo aos pampas e ao marido, de quem já morria de saudades.
Pequena fofésima no avião, sem piscar os olhos e - ufa - chegamos. Marido pega a Taly enquanto eu, as malas. Roda a esteira, roda, roda, roda e nada do segundo volume chegar. Um olhar mais atento avistou uma bagagem bastante similar, mas que parecia estranhamente... leve. Abro e encontro fraldas, biquinis e roupas sujas. Socorro. Não era a minha.
Corro para a fila de taxi, pois pela fralda, já sabia que era da mulher que também estava com um bebê durante o vôo. Descrevo-a para o taxista que diz:
- Ih dona, ela acabou de sair
- Qual era o número do taxi?
- 2898
- Então vamos ligar par o taxista!
Caixa postal. A esta altura, já havia percebido que Murphy aparecera para uma visita.
De volta ao balcão da Gol, tantamos contatar a madame distraída. Adivinhe: caixa postal. Bom, então abre-se a mala da dita cuja, a procura de algum documento que contenha outro telefone.
Neste momento, já via meus carregadores, documentos de trabalho, sapatinhos da pequena, brinquedos novos, minha bota linda-de-morrer, pó compacto novo da MAC, enfim, tudo o que era MEU, habitando um passado remoto. Até que -ops - um telefone diferente. E de Mato Grosso do Sul, a filial brasileira dos pampas.
Toca, toca e atende um homem, marido de Daniela - a madame distraída - que avisa: "Xi, ela foi para a rodoviária e pegará um ônibus às 18:00h para Serafina Correa".
Ooooi?? Ela vai viajar, não percebeu que a mala está trocada e ainda não teve a capacidade de ligar o celular?
Nisso, Taly chora de sono e marido diz:
- Amor, são 17:30h. Vamos correr para a rodoviária tentar encontrá-la
- Mas está chovendo e é horário de pico
- Estamos em Porto Alegre, quem sabe?!
- Ai, que saudades da minha mala. Ok, vamos.
Numa operação 007, corre-se com as malas, elevador, Taly na cadeirinha, bagagem no porta-malas e rumo à rodoviária. Em alguns momentos, gosto muito de morar por aqui e este foi um deles: às 17:55h estávamos na rodoviária. Corro pelos boxes, de salto alto, me sentindo a própria Nurit Bond, mas p-u-t-a- da vida. Bento Gonçalves, Passo Fundo, Caxias do Sul... SERAFINA CORREA! E madame distraída.
Pausa para respirar
- Você está com a minha mala!
- (cara de espanto) Acabei de perceber que não era minha (tóim). Mas como você conseguiu me achar?
- Ah minha querida, quando se trata de mulheres, botas e maquiagem nova, não se brinca!

Ok. não foi bem esta a resposta, mas para dar mais graça a um final de tarde que acabou com mau-humor e chapinha destruida pela chuva, vale a licença poética, vai?

quinta-feira, maio 27, 2010

Dúvidas de mãe

Lembra da mulher relativamente focada que costumava habitar seu corpo antes da maternidade? Pois é, foi embora levando sua cabeça livre de preocupações, seu sono em dia, sua classe e etiqueta. E sobra você, infinitamente mais feliz, mas com a cabeça cheia de dilemas:

- Encho a casa de câmeras e fico paranóica ou somente fico paranóica?
- Episódio inédito de Desperate Housewifes ou preencher o 'Livro do bebê'?
- Baby Einstein ou Backyardigans?
- Baby-sitter e balada ou baby-sitter e mais horas de sono?
- Salto básico e baixo ou salto alto e Dorflex?
- Estée Lauder ou Johnsons?
- Dar bronca ou dar risada?
- Almoço longo, com conversas e cheio de saudades ou almoço voando, com cadeirão, bagunça e gritos?
- Compras para mim e para ela ou para ela e para ela?
- Massagem e manicure ou aula de música infantil?
- Tentar assumir a 'super nanny' em público ou voltar para casa correndo?
- Pássaro e cachorro ou piu-piu e au-au?
- Domingo na cozinha ou papinha da Nestlé?
- Curtir a retomada de posse do seu peito ou ter mais um filho?
- Mimar demais e culpar a genética de ídiche mame ou mimar demais e pagar terapia mais tarde?

To be continued...

terça-feira, maio 25, 2010

Lya Luft

A canção de qualquer mãe


Que nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos – algo que só pode nascer entre nós. Que quando eu me aproxime, meu filho, você não se encolha nem um milímetro com medo de voltar a ser menino, você que já é um homem. Que quando eu a olhe, minha filha, você não se sinta criticada ou avaliada, mas simplesmente adorada, como desde o primeiro instante.

Que, quando se lembrarem de sua infância, não recordem os dias difíceis (vocês nem sabiam), o trabalho cansativo, a saúde não tão boa, o casamento numa pequena ou grande crise, os nervos à flor da pele – aqueles dias em que, até hoje arrependida, dei um tapa que ainda agora dói em mim, ou disse uma palavra injusta. Lembrem-se dos deliciosos momentos em família, das risadas, das histórias na hora de dormir, do bolo que embatumou, mas que vocês, pequenos, comeram dizendo que estava maravilhoso. Que pensando em sua adolescência não recordem minhas distrações, minhas imperfeições e impropriedades, mas as caminhadas pela praia, o sorvete na esquina, a lição de casa na mesa de jantar, a sensação de aconchego, sentados na sala cada um com sua ocupação.

Que quando precisarem de mim, meus filhos, vocês nunca hesitem em chamar: mãe! Seja para prender um botão de camisa, ficar com uma criança, segurar a mão, tentar fazer baixar a febre, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação. Não é preciso constrangerem-se de ser filhos querendo mãe, só porque vocês também já estão grisalhos, ou com filhos crescidos, com suas alegrias e dores, como eu tenho e tive as minhas. Que, independendo da hora e do lugar, a gente se sinta bem pensando no outro. Que essa consciência faça expandir-se a vida e o coração, na certeza de que aquela pessoa, seja onde for, vai saber entender; o que não entender vai absorver; e o que não absorver vai enfeitar e tornar bom.

Que quando nos afastarmos isso seja sem dilaceramento, ainda que com passageira tristeza, porque todos devem seguir seu caminho, mesmo que isso signifique alguma distância: e que todo reencontro seja de grandes abraços e boas risadas. Esse é um tipo de amor que independe de presença e tempo. Que quando estivermos juntos vocês encarem com algum bom humor e muita naturalidade se houver raízes grisalhas no meu cabelo, se eu começar a repetir histórias, e se tantas vezes só de olhar para vocês meus olhos se encherem de lágrimas: serão apenas de alegria porque vocês estão aí. Que quando pareço mais cansada vocês não tenham receio de que eu precise de mais ajuda do que vocês podem me dar: provavelmente não precisarei de mais apoio do que do seu carinho, da sua atenção natural e jamais forçada. E, se precisar de mais que isso, não se culpem se por vezes for difícil, ou trabalhoso ou tedioso, se lhes causar susto ou dor: as coisas são assim. Que, se um dia eu começar a me confundir, esse eventual efeito de um longo tempo de vida não os assuste: tentem entrar no meu novo mundo, sem drama nem culpa, mesmo quando se impacientarem. Toda a transformação do nascimento à morte é um dom da natureza, e uma forma de crescimento.

Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência. A sensação que vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa, com seu destino e sua vida, nesta bela e complicada terra. E assim sendo, meus filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter.

(Fonte: Veja.com - Edição 2164)

quinta-feira, maio 13, 2010

Ser mãe é...

... Acreditar que é uma glória acordar às 7:20h
... Sentir-se absolutamente feliz quando seu filho não deixa nada no prato
... E arrasada quando ele quis apenas algumas colherinhas
... Achar que seu filho é absolutamente O MÁXIMO
... Vibrar com cada conquista, por mais insignificante que ela possa parecer aos outros
... Rir por dentro quando ele prefere seu colo ao de outra pessoa
... Acreditar que nada no mundo a faça tão feliz quanto as gargalhadas dele
... Não ter nojo de nada (no que diz respeito a ele, claro...)
... Nem lembrar das dores do parto
... Sentir-se às vezes completamente esgotada
... Sair sozinha e ter saudades alguns minutos depois
... Amar, amar e amar

Maioridade?

Já assumi aqui que não tenho o desprendimento de 'criar minha filha para o mundo'. Errada ou não, fazer o que? Nada que alguns anos de terapia mais tarde não possam resolver. Terapia para mim, vejam bem.

O que acontece, é que venho me conformando com a idéia de que esta terapia deverá ter início nos próximos meses. Minha filha adora ser independente. Não sei de onde veio isso (mas suponho que deva ser da mesma genética que conferiu a ela lindos olhos azuis).


Eu não posso acender a luz do quarto dela de manhã. Tiro a pequena do berço e um dedinho apontado já avisa "eu, mamãe" (não, ela ainda não fala, mas ser mãe inclui decifrar todo dialeto e/ ou linguagem corporal de suas crias).
Mamãe pentear o cabelo dela? Nem pensar!
Ensaboá-la? Ela faz sozinha.
Salpicar o conteúdo do remédio (em sachê) na comidinha? Já sabem, ela.
Nem mais sentada no meu colo ela quer ficar. Quer uma cadeira só dela, de mocinha.


O que é isso? Algum tipo de maioridade no mundo de bebês?

E o que mais me preocupa, é que minha mãe também não me criou para o mundo e cá estou eu, a kilometros e kilometros de distância.


Crise.


quinta-feira, maio 06, 2010

Rapidinhas

Sumi de novo. Mas desta vez o culpado tem nome: Facebook. A gente acaba se acostumando com o mundo dos caracteres limitados. Aconteceu algo? Vai lá e deixa um recado. E meu lado prolixo saiu de férias. Mas voltará. Enquanto isso, seguem algumas rapidinhas:

  • Festinhas da Taly organizadas. Sim, haverá a versão gaúcha e a paulista, para honrar a vida de ponte-aérea. Sempre fui a favor de festas simplesésimas de 1 ano (2, 3, 4...) e assim, a versão gaudéria será 100% home made, cheia de poás e cor de rosa, bolo caseiro com calda de chocolate, brigadeiro e bicho de pé. Já a versão paulista, será mais industrializada em função da logística, mas com aquele jeitão de festa de antigamente... sim, na época em que as crianças inventavam as próprias brincadeiras, brincavam juntas, sem brinquedos ultra modernosos orientados por monitores e os pais gastavam menos que para realizar um casamento;
  • Crise existencialista no horário comercial;
  • Contando os segundos para passar meu primeiro dia das mães grudada na minha pequena deliciosa, num hotel fazenda (ela adora bichinhos);
  • Preciso colocar uma arruda no meu carro. Ele bateu (sozinho, tá pessoal?) e foi batido num intervalo de duas semanas;
  • A vida com babá permite sair à noite com marido. Vida a dois, welcome back!
  • Planejando a balada para comemorar os 3.0. 30!!!!!

Volto logo. E mais prolixa.

segunda-feira, abril 05, 2010

Praticando o desapego

E como eu esperava, a pediatra da Taly proibiu a escolinha até os dois anos.
Saí correndo para preencher o quadro de funcionários de casa (chique, não?), que agora precisa contar com babá. Eu sempre fui e-x-t-r-e-m-a-m-e-n-t-e contra babá. Vivia espalhando aos quatro ventos que meus filhos frequentariam berçário desde cedo para serem estimulados, falarem certo e conviverem com outras crianças. Mais uma vez mordi a lingua, coisa que ando fazendo frequentemente desde que tornei-me mãe.

Compramos brinquedos educativos, livrinhos e hoje iniciei a doutrina com a babá para ler histórias e estimular, na tentativa de evitar a saída fácil TV e brinquedos 'cantantes'.
A Pollyana que vive em mim está gostando da idéia da pequena ficar em casa, quentinha, na rotina dela e tendo deliciosas tardes de sono.

Eu é que ando praticando o desapego, pois preciso confessar que sou meio possessiva com a Taly. Na minha cabeça de ídiche mama, só eu sei cuidar dela, ler seus "sinais", respeitar sua rotina. Sei que é uma fantasia, mas não é fácil deixar de acreditar nela.

Enfim, cruzando os dedos para dar tudo certo. Afinal, minha conta bancária também anda praticando o desapego e a faceta 'Nurit profissional' está precisando mostrar as caras.

segunda-feira, março 29, 2010

Olá... respondendo à perguntas, o livro "Elas Escrevem" podem ser comprados diretamente de mim (com desconto e envio por sedex) ou na Livraria Cultura.
Desculpem, como todos estão escrevendo os comentários como "anônimos", não posso responder nominalmente.

Beijos

quinta-feira, março 25, 2010

Ter um filho na UTI

E eu senti meu coração parar. As palavras da médica soaram densas e eu olhava minha pequena, tão frágil, tão minha e só conseguia chorar.
É difícil descrever o que é ter um filho na UTI, mas resolvi tentar para ver se consigo expulsar toda angústia que anda entalada em minha garganta.

Internar um filho é a dor mais forte que eu poderia imaginar existir. Enquanto entrava com a Taly, que respirava com dificuldade e sentia-se fraca, não conseguia imaginá-la naquele lugar, quando existe uma casa, quentinha e aconchegante, esperando por ela. Mas lá estávamos. E lá passaríamos os próximos dias.
O visor mostrando a saturação e ela precisando de oxigênio. Por que ela teve que passar por isso? Por que não eu? Se existe alguma 'lei do destino', que experiência ela, com nove meses, pode ter absorvido?
E enquanto isso, nós, pais, vestimos uma armadura para sorrir, acalentar e tentar mostrar que está tudo bem, quando na verdade nosso coração está em frangalhos, vendo o serzinho que mais amamos ser cuidado de uma forma tão diferente da que cuidaríamos. Em hospital há pressa, há técnica, mas não há amor.
Carreguei todos os brinquedos da pequena, na expectativa de que a Suzy, a Júlia e o elefantinho pudessem distraí-la, mas a verdade é que ela já não aguentava ser tocada por tantas mãos estranhas.

Tudo passou e agora ela está em casa, amada, beijada e ganhando montes de apertos e amassos. E tenho certeza de que não se lembrará destes dias difíceis.
Mas em mim eles ficarão. Pesados, tristes e angustiantes. Que o tempo faça seu papel.

quinta-feira, março 11, 2010

Gente, o mundo das festas infantis é um planeta a parte, com cifras estratosféricas.
Só um bolinho é quase uma heresia aos ouvidos dos habitantes da festolândia, que falam a lingua do tem-que-ter.
Aguardem cenas do próximo capítulo...

Convite

Queridos,

No próximo dia 27 de março, será o lançamento do livro Elas Escrevem, em que há uma crônica que escrevi publicada (Heroínas Modernas).
Gostaria de convidá-los apesar de que eu, infelizmente, não poderei estar em SP.

DATA: 27 de março de 2010 - das 15 às 19 horas
LOCAL: Biblioteca Alceu Amoroso Lima - Rua Henrique Schaumann, 777 - Pinheiros - São Paulo, SP

Se não puderem comparecer mas quiserem adquirir um exemplar, falem comigo.

Um abraço!

quinta-feira, março 04, 2010

Prazer e compromisso

Uma das principais mudanças que a maternidade trouxe é a de prioridades.

Antes da minha pequena, trabalho estava acima de tudo e só cancelava algum compromisso em caso de letargia crônica, mas não sem ficar me remoendo "ai, deveria ter ido". Mesmo nas épocas de baixa sazonal, quando ganharia mais sentando em casa e tomando uma xícara de chá, lá estava eu em frente ao computador ou de um cliente. Esquema CDF mesmo.

Esta semana a Taly ficou doente duas vezes. Na segunda com um resfriado e hoje, com um problema no braço. E faz nove meses que minha prioridade um, dois, três, quatro e cinco é ela. Não hesitei e cancelei todos os compromissos, explicando a situação e podendo apenas torcer para que quem estivesse do outro lado da linha entendesse. Mas sem dor nenhuma na cosciência, pois se não entendesse, uma pena. Faz nove meses que qualquer brecha na agenda é preenchida com minhas recém descobertas habilidades de atriz e cantora, brincando com minha pequena, longe do computador e de compromissos diversos.

Antes de ter filhos eu já conhecia o argumento das prioridades na teoria, mas na prática ele é incrivelmente libertador, pois pela primeira vez prazer passou a estar acima de compromisso.

Te amo minha princesa!

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Sentada no "café-escritório" passando pedidos. Na mesa ao lado, três fazendeiros. Já ouvi 35 vezes a palavra "milhão", incluindo "só dois milhões de reais". E daí olho para meus pedidos e lamento uma enorme falta de zeros.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Bem que disseram...

Bem que disseram que um filho geminiano vale por dois. Bem que disseram para que eu não tentasse engravidar em setembro. Mas ignorando todos os conselhos, lá fui eu. E pimba: uma filha geminiana. Linda, fofa, deliciosa. Mas geminiana.

Eis que hoje, após uma noite (e madrugada) de preocupação pela filhota vir recusando-se a mamar e após abortar, aconselhada pelo marido, a operação rumo ao hospital em plena madrugada, movida por berros estridentes da pequena, fiz uma via crusis por médicos. Num canto da cidade, a pediatra, que num encaixe, demorou hooooras para me atender. E eu, com um bebê gorducho e sorridente no colo, lamentava "minha filha não come, há algo errado". "Nurit, acabo de examiná-la e está ótima". Noutro canto da cidade, a gastro, que num encaixe, demorou hooooras para me atender. E eu, com um bebê gorducho e sorridente no colo, suplicava por uma solução, como uma típica ídiche mama louca e caricata. "Nurit", responde a gastro, "desta vez não é alergia, o caso é simples: sua filha desenvolveu uma característica e tornou-se seletiva".

Resumo da ópera: tenho uma filha de oito meses que decidiu, assim, por conta própria, que pode não ser interessante tomar leite à noite. Afinal de contas, ela exige uma dieta balanceada e precisa avaliar situação a situação, dia após dia. Hoje pode estar a fim, pois cairá bem com a janta de papinha de batatas. Já amanhã pode não combinar com o aipim. Pode?


Fofa da minha vida

Duas estórias

Era uma vez uma criança graciosa e meiga, que tinha uma mãe que a amava demais. Quando ela estava com sete meses, a mãe precisava voltar a trabalhar e resolveu colocar a filhota num berçário escolhido a dedo, após uma longa seleção. No primeiro dia a criança ficou muito bem. No segundo, tranquilíssima e no terceiro, jogou-se no colo da professora logo na entrada. A mãe ficou muito segura, vendo que sua cria estava em ótimas mãos e feliz, seguiu sua rotina em paz.

Era uma vez uma criança graciosa e meiga, que tinha uma mãe que a amava demais. Quando ela estava com sete meses, a mãe precisava voltar a trabalhar e resolveu colocar a filhota num berçário escolhido a dedo, após uma longa seleção. No primeiro dia, a criança ficou muito bem. No segundo, tranquilíssima e no terceiro, jogou-se no colo da professora logo na entrada. A mãe não acreditava. Tinha certeza de que sua filha seria daquelas que esperneariam como a suplicar "mamãe, mamãe, volte, não vivo sem você". Mas não, lá estava ela divertindo-se apesar de sua ausência. No carro, ao tentar retomar sua rotina apesar da saudade que esmagava seu coração, sentiu as lágrimas inundarem seu rosto ao pensar em sua filha viajando sozinha, saindo de casa, sendo independente. Aquilo levaria muitos anos, mas o cordão umbilical, gostasse ela ou não, já fora cortado.

Fim. Ou não.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Em 2010...

Na teoria, o que muda em 1º de janeiro? Nada. Mas na prática? Expectativas se renovam e com ela a esperança de realizar tudo o que não deu no ano que passou.
2009 foi uma benção com a chegada da Taly. Foi também uma catástrofe profissional. E dentre todos altos e baixo, elaborei minha listinha de "em 2010... " que compartilho com vocês.

Em 2010...

- Vou me realizar profissionalmente. Ou financeiramente. Ou acertar os rumos.
- Escreverei mais.
- Decoraremos a sala de casa, que deixará de ser um salão de festas.
- Verei minha princesa falar (mamã!!), andar e terei mais 365 lindos dias para curti-la.
- Vou me preparar psicologicamente para deixá-la na escolinha, meio período e vê-la conquistar sua liberdade (tentando não despedaçar meu coração)
- Viajarei com marido, para andar de mãos dadas, tomar vinho no almoço e não ter hora para nada.
- Dormireeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei.
- Voltarei a habitar o espaço de minha casa denominado c-o-z-i-n-h-a.
- Farei muitos cafés terapia com amiga querida.

Que caiba muita coisa boas nestes próximos 365 dias!

terça-feira, dezembro 15, 2009

Todo ano, envio nesta época uma espécie de retrospectiva do ano que passou. É nela que eu consigo perceber que os dias passaram voando sim, mas muito coube neles.
E hoje faria tudo igual, descreveria o que aconteceu e o que deixou de acontecer, renovando votos para o ano que vai entrar. Mas em 2009, algo aconteceu que deixou os acontecimentos cotidianos um pouco menores. Ou talvez de escanteio, quando tento organizar minhas memórias dos últimos meses. Em 2009, me tornei mãe.

E isso mudou tudo.

Este ano, eu senti um micro serzinho crescendo dentro de mim, dando leves chutinhos e soluçinhos. E me senti plena. Redonda. Realizada. Realmente a mulher grávida emana algum tipo de energia que faz todos olharem para você e sorrirem. E você quer estar assim para sempre. Até chegar o nôno mês, quando você não quer estar assim por nem mais um dia. Você não dorme, pesa como um elefante e está implorando por qualquer anti-ansiolítico pesado.
Mais eis que num belo dia, nas exatas quarenta semanas, começaram as contrações. Emoção. E dor. Muita dor. Eu, que tinha decidido por parto normal, esperei dezenove horas com as ditas cujas, até desistir de vez e implorar por uma cesárea. E por mais que eu tivesse sonhado durante anos com este dia e o repassado tanto em minhas fantasias, ele foi diferente de tudo o que imaginei. Não há no mundo emoção maior e tão indescritível quanto a de tornar-se mãe. E no dia primeiro de junho eu agradeci ter nascido mulher.

A Taly parecia uma gotinha e era muito mais bonita do que eu sonhava. Tinha sim o rostinho amassadinho, mas era tão, tão linda. Segurar um filho pela primeira vez, sentir seu cheiro, olhar nos olhos são definitivamente momentos que te fazem entender o sentido do mundo.

Os dias na maternidade foram de deslumbramento e passados três dias, era hora de voltar para casa. Maravilhoso. Ou não.
Essa é a parte que esquecem de contar: os primeiros meses. Lá está você, um bagaço sonolento, com hormônios numa dancinha frenética no seu corpo. Dor, sono e um bebê que veio sem manual e chora. Muito. A rotina que você tinha? Esqueça. E admito que isso chegou a causar certo pânico. Sua vida vira de cabeça para baixo, mas aos poucos, você começa a descobrir que ela é muito mais interessante assim.
E vem aquele amor. Aquele que costumam descrever em frases-clichê que são a mais pura verdade. Ser mãe é sim padecer no paraíso, é sim conhecer a pessoa mais linda do mundo, faz sim você entender sua mãe melhor do que nunca, das noites mal dormidas à lembrança do casaquinho naqueles dias que só ela achava estarem frios. Do amor maior do mundo. Do coração que passa a estar fora do corpo. Ser mãe é entender estar completa.
E tudo passou a ser l-i-n-d-o para a mãe babona aqui, encantada com o mundo das fraldas. Me tornei PhD em comportamento de bebês, fico deslumbrada com minha filha descobrindo o mundo e não passo mais um dia sequer sem que algo me emocione.

Em 2009, eu aprendi muito. Amei demais. Me senti completa e confirmei que ser mãe é a maior dádiva que pode existir no mundo.

Minha pequena Taly, você tornou minha vida muito mais animada, emocionante e doce.
Obrigada meu amor, por ter me tornado mãe. Obrigada por me emocionar com suas gargalhadas e descobertas. Obrigada por pedir colo (pois eu adoro te dar), obrigada por sorrir todas as manhãs. Obrigada por me ensinar o que é amor incondicional. Obrigada minha princesa, por ser o sonho realizado da minha vida.

Obrigada Be, amor, por aguentar meus hormônios saltitantes, crises, papos só-sei-falar-do-bebê e soutiens uóduboró beges de amamentação. Obrigada por estar ao meu lado e me achar linda quando eu não estava. Obrigada por me dar o maior presente que eu poderia receber e por me emocionar ao ver a família que formamos. Te admiro. Te amo.

Mãe amada, como eu te entendo agora. Obrigada por ter dedicado sua vida a nós. Amor de mãe é natural, mas todos os cuidados e carinho exigem uma doação enorme. Obrigada pelo amor incondicional, pelas tardes em casa preparando chá quando não me sentia bem. Pela preocupação, pela dedicação e por estar presente em absolutamente todos os momentos da minha vida. Pela noite em claro quando a Taly nasceu e por ter me feito companhia em muitas madrugadas enquanto amamentava. Você me ensinou o que é amor e ele será um presente para nossas próximas gerações.

Queridos, que em 2010 tenhamos sonhos muito doces, pois descobrimos que sim, eles tornam-se realidade.
Obrigada a todos que compartilharam este ano tão especial conosco.

Feliz ano novo!

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Ontem, a Taly saiu de casa assim:


Roupinha rosa, florida e com lacinho na cabeça.
E eu tive que escutar: "é menino ou menina?"

Nada de cegonhas desempregadas

No elevador do shopping

- Ai, que linda sua filha
- Obrigada
- Qual o nome dela
- T-a-l-y
- E aí, muito trabalho? Eu quero encomendar o meu para o ano que vem... dá pra continuar fazendo compras com eles, essas coisas?

Então querida, minha filha tem seis meses e eu ainda não consegui. Em poucas tentativas frustradas, ela começou a reclamar ainda quando eu estava na primeira arara. Sabe, quando se sai com bebês, até fazer xixi requer certa logística. Em casa, é meu marido quem ainda está com a incumbência do supermercado. Não é por nada, mas sua vida vai virar de cabeça para baixo e fazer compras será um luxo, com infra-estrutura necessária.

- Ah, um pouquinho de trabalho, mas dá pra continuar sim.

Querida, eu?

Nota: querido leitor, ressalto que não tenho família morando na mesma cidade, nem qualquer ajuda como babá ou afim. Assim, meu caso pode não ser o seu. Não quero ter qualquer culpa na queda da taxa de natalidade no mundo.

Gente, vamos esclarecer: nada de posts dizendo "nossa, deve ser horrível ser mãe, do jeito que você fala". Situações como a acima são cômicas, não trágicas. Sem dramas, please.

terça-feira, dezembro 08, 2009

Minha filha é uma gata, loira, de olhos azuis. E eu sei que é a cara do pai.
Mas gente, ninguém merece ter que escutar duas vezes em uma mesma tarde: "Ela é sua filha?".

Ah, vai!